Descrição
História: Quem nunca sonhou em passear por entre campos de alfazema e deixar-se envolver por uma sensação de relaxamento e de bem-estar? Perfumada e delicada, bem como rica em propriedades medicinais, a alfazema ou lavanda tem sido cultivada desde os primórdios da civilização. Ao longo do tempo, foi utilizada para os mais diversos fins, desde repelente de insetos até a ingrediente essencial de poções mágicas na Idade Média. Os egípcios, por exemplo, usavam-na no processo de mumificação dos corpos e inventaram, por volta de 4000 a.C., formas de extrair o óleo essencial da planta por destilação. Este conhecimento milenar foi transmitido aos gregos, aos romanos e aos árabes, que o aperfeiçoaram durante o auge da sua civilização, nos séculos X e XI. Os fenícios, os romanos e os árabes perfumavam-se com alfazema, tendo a planta vindo a desempenhar desde a Antiguidade, um papel inegável e essencial na história da perfumaria. Para além de perfumes, os romanos faziam também uso da Lavandula nos seus banhos, tratamentos de beleza, rituais religiosos e culinária. Durante o século XV, quando a farmacologia e a arte de curar começaram a seguir caminhos diferentes, a destilação desta planta estabeleceu-se por quase toda a Europa. No que toca ao rosmaninho (L. stoechas), julga-se que tenha sido levado para o sul de França por volta de 500 a.C., quando os colonizadores gregos se estabeleceram na região de Marselha.
Constituintes e propriedades: A alfazema apresenta mais de 40 constituintes, entre eles, linalol, nerol, resinas, taninos, um princípio amargo, saponinas, ácidos, flavónoides, cumarinas e óleo volátil (até 3%). Trata-se de um dos melhores remédios para aliviar queimaduras e picadas de insetos, sob a forma de infusão fria, de emplastros ou ainda de óleo essencial, aliás, um dos poucos óleos essenciais que se pode aplicar diretamente sobre a pele. Antisséptica e antibacteriana, a alfazema é eficaz a estancar o sangue em pequenas feridas, desinfetando-as ao mesmo tempo. Além disso, é útil no tratamento de infeções das vias respiratórias, sobretudo a variedade stoechas, cujo aroma é muito mais canforado. Para esse efeitos, podem fazer-se inalações, fervendo a planta num tacho e respirando os vapores. O forte perfume, além de ser benéfico para as vias respiratórias, descongestiona e desinflama os pulmões, atuando como relaxante do sistema nervoso e tratando tosses, constipações e até casos de asma, em especial os de origem nervosa.
O mesmo sucede com as dores de cabeça contra as quais se recorre com frequência à alfazema, sobretudo se as enxaquecas forem de origem nervosa.
Excelente sedativo, a Lavandula combate a ansiedade e a tensão. Em pequenos saquinhos colocados por baixo das almofadas dos bebés, tranquiliza-lhes o sono e ajuda-os a adormecer. Uma tisana preparada a partir das suas flores relaxa os espasmos do sistema digestivo e o seu óleo essencial, quando adicionado ao óleo de massagem, alivia as dores musculares e reumáticas. Uma gota deste óleo podem também ser eficaz contra as dores de ouvidos: basta aplicá-la diretamente e, depois, tapar os ouvidos com uma bolinha de algodão. Por fim, é de referir a utilidade da alfazema no combate à acne. No tratamento da depressão pós-parto, deverá tomar uma infusão de lavandula 3 a 4 vezes ao dia. o seu óleo essencial também poderá ajudar a combater os corrimentos vaginais, podendo colocar duas ou três gotas num tampão vaginal.
Culinária: A variedade mais utilizada é a L. angustifolia, que figura em inúmeras receitas, nomeadamente de gelados, de batidos, de biscoitos, de pão, de carne ou de queijo. Use a sua imaginação e surpreenda-se com a diferença que um pequeno aroma de alfazema pode fazer tanto a nível da decoração, como no sabor dos seus pratos. As flores, por exemplo, dão um toque especial, quando adicionadas ao sumo de ananás, ao molho de hortelã-pimenta ou à massa de bolos e de biscoitos, em especial dos biscoitos de limão. Pode ainda preservar as flores, alternando-as em camadas com açúcar. Este, quando usado na confeção de bolos ou para adoçar bebidas, confere-lhes um aroma doce, delicado e levemente perfumado.
Veterinária: Em casos de conjuntivite, lave os olhos dos animais com uma infusão de alfazema, que poderá também ser usada para a limpeza de feridas ou para acalmar a comichão provocada pelas picadas de pulgas.
Bibliografia: BOTELHO, Fernanda. “Uma mão cheia de plantas que curam”. Dinalivro, 2015