Descrição
História: Os antigos egípcios conheciam a chicória desde, pelo menos, o ano 4000 a.C. Além de a acrescentarem em saladas, utilizavam-na para combater problemas hepáticos e consideravam-na, por isso mesmo, uma “amiga do fígado”, opinião mais tarde partilhada por Dioscórides e por Plínio. Na época dos faraós, misturava-se o sumo de chicória ou com óleo de rosas e vinagre para aliviar as dores de cabeça, ou com vinho para tratar as doenças da bexiga e do fígado.
A partir do século XVII, a planta começou a ser cultivada nas hortas, surgindo algumas variedades, como as escarolas e as endívias, que, por serem menos amargas, eram também menos eficazes enquanto tónicos do fígado. Na Europa pré-industrial, era costume, na altura do parto, deitar as mulheres sobre uma subespécie mais rara, de flor branca, cujo suco leitoso e amargo servia para o tratamento dos mamilos durante a período de amamentação.
Constituintes e Propriedades: Rica em inulina, pectina, taninos e açúcares, nomeadamente frutose, a raiz contém ainda um princípio amargo e uma pequena quantidade de alcaloides. Além de protidos, aminoácidos e heterósidos amargos, as folhas possuem também inulina e açúcares, bem como as vitaminas B, C, P e K e uma multiplicidade de sais minerais, entre os quais se destacam o potássio e o ferro. As flores, por sua vez, incluem cicoridina sob a forma de flicósido, constituinte de sabor bastante amargo.
Tónico do fígado e do aparelho digestivo, a planta na sua totalidade constitui igualmente um laxante suave, muito adequado a crianças. Além disso, ajuda a limpar o sistema urinário e a curar a icterícia e determinadas anemias, bem como a prevenir alguns tipos de cancro em virtude do seu alto teor de betacaroteno. A raiz é a parte da chicória que mais atua sobre o fígado, melhorando o seu funcionamento e estimulando o fluxo da bílis. Para esse efeito, use-a em decocção, tomando uma chávena três a quatro vezes ao dia, entre as refeições. Benéfica no combate às pedras da vesícula, a raiz é ainda, quando ralada e torrada, um bom substituto do café. Devido às suas propriedades diuréticas, as folhas da chicória ajudam o organismo a expelir o ácido úrico, sendo por isso, úteis no tratamento de reumatismo, da artrite e da gota. Se ferver as folhas juntamente com as flores, obtém um líquido muito eficaz contra as inflamações e as cólicas do estômago, bastando, utilizá-lo duas a três vezes ao dia em compressas de pano. Quando aplicada no rosto durante a noite, uma infusão das folhas e das flores elimina as manchas na pele e reverte os efeitos nocivos da exposição ao sol. Por fim, para aliviar as dores, o cansaço e as inflamações na vista, recorra a uma solução feita a partir das flores da C. intybus.
Utilização/Infusão: 4 colheres de chá para 1 litro de água fervida e deixar repousar cerca 5 a 10 minutos.
Bibliografia: BOTELHO, Fernanda. “Uma mão cheia de plantas que curam”. Dinalivro, 2015