Descrição
História: Embora humilde, esta planta já era conhecida e utilizada na Idade Média, nomeadamente em rituais de magia. Ao nível da farmacopeia, associava-se, na época, a cor da erva-de-são-roberto à cor do órgão sobre o qual ela teria uma maior ação. Acreditava-se, por isso, que o Geranium robertianum servia sobretudo para curar problemas relacionados com o sangue, purificando-o, estancando hemorragias e combatendo também as doenças do fígado. Grande conhecedora do mundo das plantas, Santa Hildegarda de Bingen, nascida em 1098, na Alemanha, recorria com frequência à erva-de-são-roberto. Entre os vários tratados que escreveu, encontra-se Causae et Curae, onde se podem estudar inúmeras teorias e descrições de tratamentos ainda hoje válidos.
Na América do Norte, o G. robertianum é denominado cranesbill, ou seja, bico de cegonha e as suas propriedades medicinais foram há muito descobertas por diversos povos ameríndios: os cherokees serviam-se da erva-de-são-roberto principalmente para cicatrizar feridas, ao passo que os iroquois e os chippewa usavam a sua raiz para combater a diarreia. Também na China se conhecem as potencialidades terapêuticas desta planta, acima de tudo utilizada para tratar patologias gastrointestinais.
Há três versões quanto à origem do nome científico da erva-de-são-roberto. Pode derivar do vocábulo latino ruber, que queria dizer vermelho, ou constituir uma adulteração da palavra Rupertianum, uma alusão a São Roberto, bispo de Salzburgo que, no século VII, teria descoberto as propriedades hemostáticas da planta. Segundo uma última versão, o nome provém do termo grego geranos, que significa grau.
Constituintes e Propriedades: A erva-de-são-roberto contém vitamina C e substâncias resinosas, bem como óleos essenciais que lhe conferem um aroma amargo. Antioxidantes e vitamínico, apresenta propriedades cardiotónicas e purifica o sangue. É ainda antisséptica, anti-inflamatória, antibacteriana e anti diarreica, sobretudo devido aos taninos que a compõem. Estes possuem uma forte ação adstringente e vasoconstritora, graças à qual formam uma camada protectora nas paredes internas e nas membranas mucosas do intestino, contraindo os capilares e reduzindo a perda de fluido. A erva-de-são-roberto é, por isso, útil no tratamento das hemorróidas, da síndrome do cólon irritável, das menstruações abundantes e das úlceras do estômago e dos intestinos. Além disso, é diurético, daí ser usada para curar alguns tipos de reumatismo e de gota.
Em gargarejos, alivia as dores de garganta, as inflamações da boca e o sangramento das gengivas. Sob a forma de compressas, pode ser aplicada sobre a vista inflamada, ajudando também a cicatrizar as feridas e a extrair furúnculos e impurezas da pele. Combate igualmente a celulite e, quando tomada em jejum age como vermífugo e laxante.
Precauções: A erva-de-são-roberto pode, por vezes, apresentar algumas parecenças com a cituta (Conium maculatum), espécie extremamente venenosa. Assim sendo, se não estiver seguro da sua identificação, é preferível adquirir o G. robertianum seco na ervanária, apesar de os seus princípios activos serem sempre mais eficazes na planta fresca.
Bibliografia: BOTELHO, Fernanda. “Uma mão cheia de plantas que curam”. Dinalivro, 2015