Descrição
História: O fel-da-terra está associado a uma lenda que nos conta a origem do seu nome: o centauro Quíron, de quem supostamente a Humanidade recebeu grande parte dos seus ensinamentos acerca do mundo das plantas medicinais, terá ensinado também Esculápio, o deus da medicina, bem como o guerreiro Aquiles, que usava o Centaurium erythraea para tratar ferimentos causados por setas envenenadas. Aliás, a palavra erytharea vem do grego erythrós, que significa «vermelho» e talvez tenha que ver com a eficácia do fel-da-terra a combater inflamações vermelhas da pele.
Há mais de dois mil anos que esta planta é reverenciada por diversas culturas: os romanos acreditavam que tinha poderes mágicos e afastava as cobras; os gauleses serviam-se dela como antídoto para tratar mordeduras de serpentes venenosas; os saxões usavam-na não só para este fim, mas também para combater a febres.
Na idade média, ao que parece, as bruxas recorriam ao fel-da-terra para aumentar os seus poderes psíquicos, e para desencadear estados de consciência.
Constituintes e Propriedades:
É uma planta que quase ninguém quer usar. E porquê? Porque a maior parte das pessoas tem o paladar já habituado a coisas doces e ela é uma das plantas com maior percentagem de amargo, devido a conter um heterósido amargo. É essa matéria amarga o seu principal agente curativo.
É um tónico digestivo e hepático, combate as digestões fracas, à falta de apetite, à azia, às náuseas, aos parasitas intestinais, às pedras na vesícula e, de uma forma geral: aos problemas do fígado e um purificador do sangue. É útil no tratamento de reumatismo e da gota, mas também dos eczemas, das frieiras e de outros problemas de pele. Além disso, ajuda a combater infecções bacterianas e virais, sendo ainda recomendado em casos de diabetes, de anorexia e de anemia.
É um relaxante do sistema nervoso, antisséptico, eficaz no tratamento de feridas e de ulceras. Ajuda a reduzir a febre e tem propriedades anti malária.
Precauções: O seu uso não é recomendável durante a gravidez e a amamentação.
Infusão: 4 colheres de chá para 1 litro de água fervida e deixar repousar cerca 5 a 6 minutos (não esquecer de retirar a planta da infusão no tempo determinado), beber 2 a 3 chávenas por dia, antes das refeições. Por causa do gosto ser bastante adstringente, misturar, paus de canela, ou menta.
Bibliografia: SALGUEIRO, José. “Ervas, Usos e Saberes, plantas medicinais no Alentejo e outros produtos naturais”. 6.ª edição, Edições Colibri, Lisboa, 2018
BOTELHO, Fernanda. “Uma mão cheia de plantas que curam”. Dinalivro, 2015