Descrição
História: O nome científico Achillea alude a Aquiles, herói grego que recorria frequentemente ao milefólio para curar os ferimentos de guerra dos seus soldados.
Também os celtas se serviam desta planta, nomeadamente durante os rituais de colheitas. Os antigos chineses usavam os seus caules, quando consultavam o I Ching, livro sagrado de oráculos. Na Europa, o milefólio tornou-se um elemento de práticas de bruxaria e de diversas poções mágicas, preparadas para afastar o mau-olhado, atrair um noivo ou induzir estados de clarividência. Acreditava-se ainda que quem trouxesse consigo um amuleto de Achillea millefolium conseguiria repelir todos os medos e viveria feliz com o seu parceiro durante sete anos.
Constituintes e Propriedades: Além de resina, fósforo, potássio, cumarinas, triterpenos, poliacetilenos, flavonoides e mataérias azotadas, o milefólio contém inúmeros óleos essenciais: cânfora, camazuleno, eugenol, mentol, quercetina, eucaliptol e linalol. Encerra ainda alcalóides, nomeadamente a tujona, componente que lhe confere propriedades ligeiramente sedantes.
Aquiles estava certo em recorrer a esta planta para cuidar dos ferimentos dos seus soldados, porque se veio a confirmar cientificamente que ela inclui várias substâncias benéficas para o tratamento de feridas: os taninos e eucaliptol, que são elementos antissépticos: o ácido salicílico, que alivia a dor e apresenta uma ação anti-inflamatória e antialérgica; a aquilina, que estimula a coagulação do sangue; e finalmente, as lactonas sesquiterpênicas, constituintes amargos e tónicos.
Ao nível do sistema urinário, o milefólio funciona como uma diurético e um antisséptico suave, promovendo, por outro lado, a sudação. Faz igualmente baixar a tensão arterial, melhorando a circulação venosa e tonificando as varizes. Devido ao seu teor de ácido salicílico, é ainda eficaz contra o reumatismo. No âmbito do aparelho digestivo, favorece o seu normal funcionamento e tem uma ação antiespasmódica, que também exerce sobre outros músculos menos fortes, como o útero. Neste caso, ajuda a combater as dores menstruais, controla as hemorragias internas e equilibra o fluxo menstrual.
É extremamente útil cultivar milefólio nos nossos quintais e tê-lo sempre à mão, porque se trata de uma excelente planta de primeiros socorros, ideal para estancar o sangue do nariz ou das feridas.
A tisana confecionada a partir das folhas e das flores do milefólio constitui também um ótimo remédio para baixar a febre. Se quiser prevenir gripes e constipações, aconselho-o a tomar três chávenas por dia de uma infusão de inverno, em que deve misturar – em proporções iguais – A. millefolium, flor de sabugueiro (Sambucus nigra) e hortelã-pimenta (Mentha piperita). Enquanto o milefólio restaura (lenta, mas eficientemente) as membranas mucosas do nariz e dos pulmões, o sabugueiro ataca a sinusite, eliminando as toxinas e desobstruindo os canais nasais. A hortelã-pimenta, por seu lado, age sobretudo na zona da cabeça, desimpedindo as vias respiratórias e aliviando as enxaquecas.
Precauções: O milefólio não deve ser tomado durante a gravidez e, além disso, as suas folhas só devem ser ingeridas em pequenas quantidades e não mais do que três vezes por semana, caso contrário, podem causar dores de cabeça ou vertigens.
Utilização/Infusão: 4 colheres de chá para 1 litro de água fervida e deixar repousar cerca 5 a 10 minutos.
Bibliografia BOTELHO, Fernanda. “Uma mão cheia de plantas que curam”. Dinalivro, 2015