Descrição
História: Até meados do século XIX a única fonte mundial de noz-moscada eram as pequenas ilhas Banda nas Molucas, Indonésia. Utilizada desde o tempo dos romanos, a noz-moscada era uma das mais valorizadas especiarias na Idade Média, utilizada em noz e em macis como tempero e conservante na culinária e na medicina. Vendida por mercadores árabes à República de Gênova era distribuída na Europa a preços exorbitantes. Como os mercadores nunca divulgavam a localização exacta da sua fonte, nenhum europeu conseguia deduzir a sua origem.
Em nome do rei de Portugal, em agosto de 1511 Afonso de Albuquerque conquistou Malaca, que era ao tempo o centro do comércio asiático. Conseguindo obter a localização das ilhas Banda, enviou uma expedição de três navios comandados pelo seu amigo de confiança António de Abreu para as encontrar. Pilotos malaios guiaram os portugueses via Java até Banda, onde chegaram no início de 1512. Sendo os primeiros europeus a chegar às ilhas, aí permaneceram durante cerca de um mês, comprando e enchendo os seus navios com noz-moscada e cravinho. Mais tarde a noz-moscada e o macis seriam negociados também pelos holandeses. A noz-moscada passaria depois a ser cultivada na Índia, na Malásia, nas Caraíbas e noutras regiões.
As suas propriedades alucinogénicas foram rapidamente descobertas, com os consumidores de “moscadeira” a ficarem “deleitosamnete inebriados”. Foi muito tomada erroneamente para provocar abortos e aclamada como cura para a praga. Conhecida por rou dou kou na China, é aí utilizada desde o século VII para problemas do estômago.
Constituintes e Propriedades: É um estimulante das secreções, aumentando o apetite, possui efeito anestésico, redutor de náuseas, vómitos, diarreias e flatulência. Em fitoterapia usa-se nas dispepsias hipossecretoras.
Utilização: Como condimento culinário, a nóz-moscada é muito utilizada para realçar o gosto dos alimentos, mas sempre em pequenas quantidades, podendo ser usada tanto em pratos doces como em salgados, legumes, como batata e o espinafre, em puré de batata, pratos à base de ovos e em carnes. Em pastelaria para aromatizar os doces e tambem em molhos (entra no molho Béchamel). Também é usada em charcutaria, em bebidas e drinques. O seu sabor lembra o de uma mistura de pimenta com canela, porém mais subtil e aromático.
Precauções: Em doses elevadas (o equivalente a 2 a 3 amêndoas) pode produzir convulsões e efeitos narcóticos. A miristicina é alucinogénia e o safrol, em doses elevadas é carcinogénico.
CUNHA, A. Proença da, RIBEIRO, Odete Rodrigues. “Especiarias e Plantas Condimentares, origens, composição e utilizações”. Fundação Calouste Gulbenkian, 2015
ODY, Penelope. “O Guia Completo das Plantas Medicinais” Livraria Civilização Editora, Porto, 2000
https://pt.wikipedia.org/wiki/Myristica_fragrans