Descrição
História: Conta a lenda milenar, que o imperador Shen Nung – um afamado ervanário – pelo ano 2750 a.C. fez uma viagem pelos domínios da china onde foi inspirado por um novo produto.
Desgastado pelo cansaço da jornada, parou para descansar à sombra de uma arvore. Shen NUng tinha por hábito beber água fervida para saciar a sede. Assim, enquanto segurava uma taça, viu o lampejo de uma brisa soprar algumas folhas secas para dentro da água. Cheio de curiosidade, o imperador milenar decidiu provar a água fervida e transfigurada na sua cor, numa espécie se epifania. Esse terá sido o momento mágico do chá. O imperador percebeu que o sabor era diferente e sentiu uma inexplicável ligação à natureza. Aquelas folhinhas tinham-se desprendido de uma árvore simples e discreta, hoje conhecida por Camellia Sinensis (planta do chá), de cor verde, densa e propensa a climas muito particulares.
Açores: A cultura do chá terá sido introduzida nos Açores por Jacinto Leite, um micaelense que, por volta de 1820, criou a primeira plantação em S. Miguel, com sementes trazidas do Rio de Janeiro, Brasil, onde exercia o cargo de comandante da guarda-real na corte de D. João VI. No século XIX o desaparecimento da produção de laranja nos Açores impulsionou os membros da Sociedade Promotora Micaelense para o cultivo do chá tendo este atingido seu apogeu na década de 50 com 250 tons. resultantes de 300 ha de cultivo.
A primeira guerra mundial e posteriormente as protecções aduaneiras ao chá de Moçambique desencadearam progressivamente uma crise. Em 1966, de 14 fábricas transformadoras de chá restavam apenas 5. Actualmente sobrevive uma: a Fábrica de Chá Gorreana que, desde 1920, utiliza energia eléctrica aproveitando um curso de água; as outras funcionavam com máquinas a vapor.
Tipo de Chá: Chá Preto (oxidação total)
O chá preto broken leaf é proveniente da terceira folha do ramo da planta.
O chá preto é o mais popular de todos os chás. Distingue-se pela sua oxidação total e pelo facto de as folhas possuírem uma cor preta quando processadas.
Para produzir chá preto as folhas são deixadas a murchar e enroladas causando o esmagamento parcial da folha. Mais tarde são expostas ao ar para dar continuidade ao processo lento e natural de oxidação, fermentação e secagem.
Quanto à sua elaboração, existem dois métodos distintos: o ortodoxo ou tradicional e o CTC (Cut, Tear, Curl ou Cortar, Rasgar, Enrolar). No método ortodoxo, todos os processos são elaborados à mão, ou com a ajuda de pequenas máquinas. No método CTC utilizam-se máquinas complexas e de grandes dimensões, que permitem acelerar todos os processos de produção.
Aspeto geral da infusão: É um chá suave de cor cobre claro e de aroma frutado. Comparativamente com os outros chás pretos da Gorreana o Broken Leaf é o que tem o indíce de teína mais baixo (a teína está para o chá como a cafeina está para o café).
Constituintes e Propriedades: Diminuição da sensação de fadiga, auxilia a redução de peso, diminui os riscos de carie dentária, auxilia no processo digestivo, vasodilatador.
Precauções: Gravidas e lactentes.
Infusão: 4 colheres de chá para 1 litro de água fervida (75 a 90 graus) e deixar repousar cerca 3 a 4 minutos.
VIEIRA, Maria Ana Silva. “Receitas à Volta do Chá”. Oficina do Livro, 201