Descrição
História: Segundo uma lenda grega, as virtudes medicinais da salva foram descobertas pelo herói Cadmo, a quem eram oferecidas as folhas da planta numa cerimónia religiosa anual. Tanto os gregos como os romanos apreciavam sobretudo a Salvia officinalis como estimulante mental. O nome da espécie tem, aliás, uma raiz latina: deriva do verbo “salvere”, que quer dizer “estar bem” e “estar de boa saúde”. Além das aplicações medicinais, a Europa medieval recorria frequentemente à salva para fins religiosos e culinários, nomeadamente para fabricar cerveja. Os chineses, por seu lado, valorizavam-na tanto, que, durante os primeiros anos de trocas comerciais com os ingleses e com os holandeses, estavam dispostos a dar dois quilos do seu melhor chá para receberem apenas meio quilo de salva. Diz-se também que o rei francês Luís XIV bebia todas as manhãs uma chávena de infusão de S. officinalis. Na Índia, a espécie é ainda hoje considerada uma planta sagrada, sendo comum encontrá-la à porta dos templos. Na América do Norte, é muito usada pelos índios, que a queimam para purificar o ambiente durante as suas cerimónias religiosas. Em suma, a salva é uma das plantas medicinais mais apreciadas em todo o mundo, dado que possui um vasto leque de propriedades terapêuticas.
Constituintes e Propriedades: Além de uma concentração de cerca de 2,5% de óleos voláteis, a salva contém cineol, borneol, linalol, cânfora, eucaliptol, flavonoides, resinas, saponinas e glicósidos, bem como ácido rosmarínico e ácido fosfórico. Devido ao seu teor de tujona, constitui um forte antissético e carminativo, possuindo igualmente uma ação hormonal e estrogénica, que diminui a produção de leite materno. Adstringente em virtude dos taninos que encerra, a planta apresenta ainda um efeito antibacteriano, antimicrobiano e anti-inflamatório, que deriva de um dos seus elementos constituintes: o ácido fenólico.
Variedade de perfume almiscarado, a salva-esclareia (S. sclarea) cresce de forma espontânea no nosso país, sendo também cultivada industrialmente para se extrair o seu óleo essencial detentor de propriedades marcadamente antifúngicas. Este óleo é mais procurado do que o S. officinalis tanto no âmbito da aromaterapia, como ao nível da perfumaria. Por um lado, contém um teor mais baixo de tujona, o que o torna menos tóxico. Por outro lado, encerra uma concentração significativa de acetato de linalilo e de linalol, graças à qual pode funcionar como um eficaz fixador de aromas.
A S. officinalis purperea, de folhas púrpuras, e a S. officinalis, de folhas verdes, são as variedades com maiores potencialidades medicinais, sobretudo no tratamento de infecções da garganta, da boca e das gengivas. Nestes casos, podem ser tomadas em infusão, misturadas com calêndulas, ou depois de maceradas em vinagre de cidra. Sob a forma de gargarejos, são benéficas contra as amigdalites, as faringites e as úlceras bucais.
Além de curar constipações e gripes, a salva equilibra o sistema nervosa e alivia não só os espasmos musculares, mas também os sintomas da diarreia, dado que pode actuar como um tónico digestivo. Útil no combate contra os diversos problemas decorrentes da menopausa, a planta ajuda o organismo a adaptar-se às alterações próprias desta fase, reduzindo, por exemplo, a sudação e os afrontamentos. Regula ainda a menstruação, minorando as dores e os espasmos que lhe estão associados. Sob a forma de tisana, é igualmente eficaz contra asma.
Para refrescar o hálito depois das refeições e estimular a produção de sucos digestivos, mastigue uma ou duas folhas frescas de salva. Se quiser desinflamar a pele na sequência de picadas de insectos, pode aplicar algumas folhas directamente sobre a região afectada ou, em alternativa, recorrer a compressas feitas com uma infusão das flores e das folhas da planta.
Precauções: Além de não ser aconselhada a mulheres grávidas ou a amamentar, a salva não deve ser tomada e lactantes, a salva não deve ser tomada de um modo continuado durante mais de um mês, devido ao efeito ligeiramente tóxico de um dos seus componentes: a tujona.
Infusão: 4 colheres de chá para 1 litro de água fervida e deixar repousar cerca 5 a 10 minutos.
Bibliografia: BOTELHO, Fernanda. “Uma mão cheia de plantas que curam”. Dinalivro, 2015